domingo, 21 de setembro de 2008

GAPEP

Iniciado em 1995 e, numa primeira fase, financiado pelo PIBIC/CNPq, noutra, pela Prefeitura Municipal de Blumenau, o Projeto do GAPEP desenvolveu-se de forma itinerante em Escolas Públicas de 1° e 2° Graus até 2000, através de pesquisa-ação e registro etnográfico em vídeo. O objetivo foi o de gestar uma metodologia alternativa para romper com a atual Organização do Trabalho Docente, a partir do apoio, da ajuda mútua, recíproca, porque simplesmente precisamos uns dos outros no âmbito das instituições. Neste período, o Grupo de Apoio aos Professores da Escola Pública propuseram-se a construir: 1- uma ética interdisciplinar, através de oficinas de sensibilização, em que o trabalho social pressupõe a articulação concomitante ao trabalho de desenvolvimento pessoal; 2- uma competência interinstitucional envolvendo: a) os acadêmicos de Licenciatura das áreas de Ciências Sociais (inclusive os egressos), Pedagogia e Educação Artística da Universidade Regional de Blumenau - FURB; b) os professores do Departamento e do Colegiado de Ciências Sociais; c) pais e professores das escolas envolvidas. Nesse processo de pesquisa-ação, em que os achados foram socializados para transformar a realidade vivida, o modelo epistemológico pautado na articulação Teoria e Prática foi mediado por ações coletivas e concretas. Essa ação foi compreendida a partir das suas três esferas: os determinantes da ação prática, a ação concreta em processo e a consciência coletiva da ação institucional. A partir deste eixo epistemológico, em que as formas de agir determinam as formas de pensar - as teorias - consolidaram-se vínculos de "tipo novo" e aprendeu-se a fazer escolhas mais conscientes, a partir de ações concretas. Desta maneira, essas práticas operaram avanços em vários níveis e dimensões - pessoais, interpessoais, institucionais e interinstitucionais -, objetivando a construção de uma postura voltada a uma Cidadania sem Fronteiras. Apesar da estrutura organizacional dessas escolas ser marcada pelo centralismo administrativo, pela dicotomia entre os profissionais e pela fragmentação das áreas do conhecimento, foi possível romper com alguns desses determinantes. Nesse sentido, acredita-se necessário que o professor compreenda a razão de ser de sua prática pedagógica e entenda que os problemas da escola não estão só nela, mas estão também fora dela, por isso é fundamental centrar o processo ensino-aprendizagem na prática social de quem precisa da escola. Só é possível qualquer mudança a partir da alteração do eixo transmissão-assimilação em que se assenta o atual sistema de ensino. Daí ser preciso um método de compreensão da realidade educacional inserido na realidade social. Por isso, a Educação só pode ser compreendida e seus problemas superados no contexto histórico, político e econômico no qual ocorre, pois nenhuma batalha pedagógica pode ser separada da batalha política e social de seu tempo.

Estas reflexões que revelam os caminhos do GAPEP fazem parte da minha tese de doutorado cuja publicação, financiada pelo IBES, saiu em 2002.

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